A MURALHA QUE DIVIDE O CLICHÊ DO ORIGINAL
- Renan Alvarez
- 9 de mar. de 2017
- 3 min de leitura
Tenho que reconhecer que às duas horas e quarenta minutos que estive diante das telonas do cinema na última segunda-feira (27) foram muito satisfatórias, pois pude acompanhar com muita hesitação uma produção que ultrapassa o mundo de Hollywood, aliás, a “muralha” que divide o enredo clichê repleto de mesmice para o épico com entusiasmo do início ao fim. Claro que devo ao filho do Tio Sam, nascido em Cambridge, Massachussetts-Eua, indicado ao Oscar em Gênio Indomável (1997) e Invictus (2009), o ator Matt Damon, a estatueta de “êxtase total” na cena em que ele acerta um prato três vezes com três flechas diferentes, algo que analogamente poderia ser um Robin Hood da terra do sol nascente. Vamos então a uma análise profunda da trama:
Matt da vida ao personagem William, um negociante mesquinho que junto com seu amigo Tovar (Pedro Pascal) – que convenhamos, repetiu primorosa atuação semelhante ao seriado “Narcos”, onde viveu na pele o agente da DAA Javier – foram à procura do misterioso “pó negro”, que os levaram a uma conflituosa aventura na qual liquidarem um Tao Tei, um monstro, até então, desconhecido.

No desenrolar da história chegamos a grande muralha que além de decifrar mistérios, trouxe uma das mais lendárias e antológicas histórias envolvendo o grande símbolo do surgimento dos povos orientais. Diante de tudo isso, dá-se início a uma obra prima que além de trazer beleza em performances surreais, expõe de forma crítica, a ganância de um homem à procura de algo que deseja possuir, a coragem de quem precisa lutar para sobreviver, a confiança que um guerreiro precisa ter no seu companheiro de batalha, os sentimentos mais aflorados de amizade, de culpa, de medo, de ódio, de lealdade, de honestidade, e de se embasar em uma ideia ou objetivo de vida para prosseguir até o fim com dignidade e auto realização.

Preciso, também, analisar a qualidade dos efeitos especiais que são essenciais para o desenrolar da história, utilizando técnicas de enquadramento que são completamente novas se fomos considerar o gênero da produção, sem falar que a boa mistura de ação que só vemos em Hollywood com artes marciais que são executadas em solo oriental, nos dá a sensação de algo mágico, pois tenho um tipo de aversão filmes orientais que querem exprimir ação nas imagens, visto que fazem muita das vezes de forma inatural, soando como se fosse efeito em tudo que acontece.
Neste caso não, foge do comum, do clichê, é algo mais sensitivo, mais coerente, obedece às regras e o enredo. Outra peculiaridade é que se formos considerar o elenco, a média é de 95% orientais, tanto que devo parabenizar a atuação da atriz Jing Tiang que interpreta a Comandante Lin, posteriormente general Lin.

Preciso enaltecer, ainda, o cineasta chinês, que foi um dos responsáveis pela abertura deste novo cinema, um dos precursores do Quinta Geração, produtor de filmes como: Herói (2002), O Clã das Adagas Voadoras (2002) e Flores do Oriente (2012), Yimou Zhang se destaca pela clássica apresentação, pelo roteiro muito bem elaborado, a passagem do foco de quem estava envolvido em cada cena, fora as expressões e a plasticidade de cada movimento realizado pelos atores que sincronizava muito bem com a sonoplastia; nada tinha de exagero, fica a mensagem para os hollywoodianos colocarem as “barbas de molho”, e aprenderem que cinema é mais do que dólares e equipamentos caros, é um bom enredo e uma boa sincronização de tudo um pouco!
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