TRANSEXUAIS: A LUTA DE SER POR FORA AQUILO QUE SEMPRE FORAM POR DENTRO
- Kevin Poliser
- 9 de mar. de 2017
- 3 min de leitura
O conflito interno de crescer se olhando no espelho tendo a certeza de que aquilo que está sendo refletido não é você.

Trans, transgênero ou transexual são pessoas que não se identificam com o gênero que lhe foi designado. A maioria das pessoas confundem com orientação sexual, mas orientação sexual nada mais é que o sexo pelo qual a pessoa se sente atraída.
Uma pessoa pode ser transexual e se sentir atraída pelo mesmo gênero ao que ela se identifica, por exemplo: Natasha foi lhe designada com o sexo masculino assim que nasceu, passou pela transição e se identifica com o gênero feminino, mas Natasha se sente atraída por mulheres, no caso Natasha é uma mulher transexual homossexual.

Ou, também, uma pessoa transexual pode se sentir atraída pelo gênero oposto ao que ela se identifica, por exemplo: Stefanne assim que nasceu foi lhe designada com o sexo masculino, passou pela transição e se identifica com o gênero feminino, mas Stefanne se sente atraída por homens, no caso Stefanne é uma mulher transexual heterossexual.
Explicando a diferença entre gênero e orientação sexual, podemos entrar em um assunto um pouco mais preocupante que são as mortes de travestis e transexuais no Brasil. O país é que apresenta mais casos de morte de transexuais e travestis em todo mundo segundo pesquisa da organização não governamental Transgender Europe (Ong TGEU), uma rede Europeia de organizações que apoiam os direitos da população transgênera. Entre janeiro de 2008 e março de 2014 foram registradas 604 mortes no país.

Levando em conta as estatísticas, entrevistamos a modelo, Laura Janêz, de 20 anos e o tatuador, Diego Torres, de 25 anos. Ambos são transexuais e sinônimos de luta e resistência para ser por fora, aquilo que sempre foram por dentro.

Kevin Poliser: Quando você percebeu que não se encaixava no sexo que foi lhe designado?
Laura Janêz: Desde criança não encaixava no padrão que me era imposto, mas foi com 14 anos que obtive mais informações sobre transexualidade.
Diego Torres: Sempre soube que algo estava errado comigo, porém era muito leigo em relação do que eu realmente era. Sempre gostei de me vestir como homem, de andar e fazer coisas de menino. Sempre quis e dizia que iria fazer cirurgias, mas não sabia que era um homem trans. Só aos 21 anos que comecei a ver caminhos para minha transição.

KP: Como foi o processo de aceitação pessoal, familiar e social?
LJ: Têm familiares que não aceitaram, alguns até me fizeram passar por situações difíceis. Na sociedade sempre tem situações transfóbicas, algo que vou ter que lidar sempre. Mas hoje em dia tenho parentes que me apoiam e ótimos amigos.
[endif]--DT: A maior parte da minha família não me aceita como homem trans, não me chama pelo gênero masculino, nem usa meu nome social. É uma batalha dia a dia para não passar vergonha na frente da sociedade. Infelizmente meus documentos ainda estão com o nome de registro, então ir para algum lugar que tenha que apresentar meus documentos é sempre um obstáculo porque nunca vou saber a reação das pessoas sobre isso.
KP: Há pouca representatividade trans na sociedade em geral, seja nas escolas, universidades e até na política. Como vocês vêem isso?
LJ: Pessoas trans são invisíveis na sociedade. As pessoas não sabem a diferença sobre identidade de gênero e sexualidade, não tem representatividade. A maioria das mulheres trans vive em uma condição marginalizada, então acaba ficando invisível na sociedade.
DT: Na verdade, hoje eu vejo grande mudança sobre isso. A cada dia mais a representatividade aumenta.

KP: Considerando o atual momento político e social que o Brasil vive, há medo do país retroceder nos poucos direitos conquistados? LJ: Muito medo! A evolução na sociedade é muito lenta, até chegar ao avanço já morreram muitas pessoas vítimas da violência. Muitos direitos foram negados, muitas pessoas vivem em condições marginalizadas. Então é muito difícil conquistar algo, ainda mais com esse governo atual que, muitas vezes, barram ou dificultam novas conquistas e até mesmo retrocedem.
DT: Com certeza. Ninguém gosta de retroceder em algo. O pouco conquistado já é uma grande vitória para nós.
KP: Para você o que é ser trans na sociedade?
LJ: É sinônimo de resistência.
DT: É uma surpresa todo dia. Tenho que me empenhar para poder ser visto, me dedicar cada vez mais no meu trabalho, porque, infelizmente, não consigo um emprego com facilidade. Tive que me virar para poder ter minha renda e me sustentar. Meu processo de transição não é gratuito, os remédios são caros e poucos médicos tem uma estrutura para o atendimento adequado. Tenho uma cabeça firme, fé e uma esposa maravilhosa do meu lado. Se não tivesse isso com a dificuldade que passei no começo, talvez nem estivesse mais aqui.
KP: Para encerrar, uma frase que te represente.
[endif]--DT: “Espíritos grandiosos sempre encontraram oposições violentas de mentes medíocres” - Albert Einstein. ![endif]--![endif]--![endif]--![endif]--![endif]--

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