UM "QUÊ" DE MENTIRA
- Ronaldo Oliveira
- 23 de mar. de 2017
- 2 min de leitura
A mentira sempre foi um tabu para a nossa espécie. Tida como algo inaceitável para as interações sociais, ela se torna um exímio paradoxo a partir do momento em que notamos que o preceito social, ou seja, de demonização do conceito mentir entra drasticamente em conflito com a necessidade implícita da nossa organização social de ter a mentira como um alicerce essencial que mantém todo este belo teatro chamado sociedade.
Para ser mais claro na ideia que estou tentando passar, basicamente podemos assimilar a mentira aos gases que expelidos pelo nosso corpo diariamente, seja por meio de flatulência (peido ou pum) ou através de eructação (arroto ou linguagem etílica comumente utilizada por apreciadores de bebidas destiladas ou gaseificadas). A metáfora aqui exposta de modo grosseiro é exatamente para contextualizar com o raciocínio que pretendo passar nesta coluna.
Assim como a mentira, os gases também não são aceitos pela nossa espécie, isto é, não em ambientes julgados como “moralmente” sério, porém essa é uma pequena coisa que diferencia um peido de uma mentira, em vista que a mentira é na maioria das vezes utilizada para manter a estabilidade social e moral nestes lugares, uma vez que a verdade poderia “não ornar” com o momento. Porém, para continuarmos uma linha de raciocínio que faça sentido para a metáfora que eu pretendo lhes apresentar, utilizaremos o fator social da mentira como conceito e não a prática subjetiva, ou seja, tratar sobre a mentira e não o mentiroso.
Retomemos o pensamento iniciado no parágrafo anterior então. Vamos criar um ambiente corporativo de interação social entre seres humaninhos, vulgo escritório. Neste ambiente julgado como “moralmente sério” ninguém sequer cogitaria em flatular ou ‘sorta um rojão’, como diz meu velho jovial pai, porém a mesma ação executada na sua residência privada não necessitaria da aprovação de nenhum outro individuo do seu circulo social.
A questão é que você percorreu os olhos sobre as palavras desde o principio deste texto, e em algum momento, seja pela escrita rebuscada em certos trechos ou até pelo tom pretensioso, cujo o mesmo te levou a imaginar que ao final de toda essa dissertação exalado a aromas gástricos você encontraria uma conclusão que te levaria a refletir sobre o conceito social da mentira, porém agora nota que simplesmente leu algo que não possui sentido nenhum.
Desculpa, mas eu preciso te avisar que todo esse texto não passou de uma mentira pretensiosa. Obrigado pela atenção.
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