ESPORTE ESTRANGEIRO GANHA CADA VEZ MAIS ADEPTOS BRASILEIROS
- Thais Marques
- 31 de mar. de 2017
- 5 min de leitura
A modalidade stand up paddle vem conquistando as águas do país

Esportes muito conhecidos fora do Brasil estão chegando com tudo, entre eles o stand up paddle (SUP). O esporte começou por volta de 1940, no Havaí, na época, os instrutores acompanhavam seus alunos durante as aulas de surf em cima de enormes pranchas de madeira e remos. No Brasil, o surfista Rico de Souza foi quem apresentou o esporte.
A graça do esporte é que os praticantes podem usar a criatividade e inovarem, inventando diferentes formas de praticá-lo. Um exemplo disso é o SUP Yoga, onde os movimentos do yoga são adaptados e praticados em cima da prancha, que está crescendo no Brasil e é uma boa opção de lazer. Para quem quer competir, existem duas modalidades oficiais:
SUP Surf (ou SUP Wave): consiste em descer as ondas em pé na prancha utilizando o remo. Possui poucos praticantes no país devido o grau de dificuldade. Leco Salazar se destaca na modalidade e é o atual campeão mundial, título conquistado em dezembro de 2012.
SUP Remada: pode ser praticada em lagoas, rios e mares com águas calmas. O praticante deve remar em pequenas ou grandes distâncias. Dentro da modalidade, existe a categoria SUP Race que precisa de pranchas especiais para que o praticante reme a favor do vento e correnteza.
Por que praticar o esporte?
Mulheres, homens e crianças, a partir dos 4 anos podem praticar o stand up paddle. O esporte oferece muitos benefícios para os praticantes, como:
- facilidade de iniciação: logo no primeiro dia o iniciante já rema e fica em pé;
- momento descontração: pode ser praticado com amigos, parentes e até mesmo sozinho, é um esporte aeróbico e completo, ideal para quem não curte muito academia;
- queima de caloria: por exigir esforço físico do praticante, o abdômen fica contraído para manter o equilíbrio e exige força de todos os membros superiores e inferiores;
- recupera lesões: é muito recomendado para reforçar tornozelo e joelhos;
- contato com a natureza: o praticante fica cara a cara com a natureza, o ar e água; e,
- baixo custo: é um esporte barato
Conversando com praticantes

Os praticantes Gislaine Aparecida de Castro e Maicon Santos Hessel, ambos com 31 anos, que saíram de Sorocaba rumo a Florianópolis (SC) em busca de aventura. Eles contam que o amor pelo stand up paddle começou quando moravam em uma hospedaria, de propriedade do instrutor Dario Lara. "Foi amor a primeira remada", conta Maicon, que começou sozinho e depois levou toda a família para as águas.
Na cidade em que moram o esporte é muito praticado e procurado também, devido ao grande número de lagoas e praias de ondas pequenas, além das belíssimas paisagens. "De início vim para ajudar meu amigo, Marcelo Batata, e acabei ficando por aqui mesmo", conta ele.
Maicon conta que o esporte foi sua recuperação. "Sofri um acidente de moto muito grave onde fiquei dias sem conseguir mover nenhuma parte do corpo. Mas queria muito voltar para o esporte, acho que foi minha força para voltar a reagir mais rápido. Meses após o acidente já estava participando de um campeonato com o pessoal do Clube de Remo Itupararanga. Para minha família e eu isso foi uma grande vitória!", comenta.
O casal tem dois filhos, Christopher, de 10 anos e Diego, de 8. As crianças são muito apaixonadas pelo esporte e acompanham os pais na prática de stand up paddle. Para eles, "Vale a pena cada remada".

A experiência do profissional
A represa de Itupararanga, em Votorantim, é o ponto dos praticantes de esportes náuticos na região. Welber Simões de Almeida, 41 anos, é instrutor no Carpe Diem e diz que o esporte surgiu em sua vida em 2013, quando fazia trilhas no entorno da represa. "Um amigo tinha uma base e eu sempre parava lá, até que um dia experimentei o stand up paddle e nunca mais parei", conta.
No começo da carreira, uma das suas maiores dificuldades era o excesso de peso. Praticando o SUP ele perdeu cerca de 25 kg. Outra dificuldade eram os altos preço das pranchas, Welber vendeu sua moto para comprar o primeiro instrumento para sua competição.
O instrutor é experiente e já participou de diversas competições, entre elas a Aloha Spirt, maior da América Latina. "Em 2014 fui campeão da categoria 3 km em alto mar, na faixa etária de 30-39 anos, da Aloha. Eram três etapas: em Ilhabela (SP), em Vitória (ES) e no Rio de Janeiro (RJ). Participei em uma prova em Santos, onde fiquei entre os 10 primeiros, com atletas brasileiros de alto nível. Outra competição foi a VAA Sup Cup, que é na represa Guarapiranga, onde também fiquei entre os 10 melhores, ocupando a 6ª colocação. O nível é bem difícil, mas meus treinos iam até a noite. Com o auxilio de uma lanterna noturna, remava todos os dias até às 20h ou 21h", conta.
O stand up paddle foi a melhor coisa que aconteceu para Welber, segundo ele. A explicação vem da natureza, da água e envolve disciplina e o companheirismo no esporte. O instrutor diz que o esporte lhe passa muita confiança na tomada de decisões e que o praticante deve respeitar o mar e a natureza, o que resulta em responsabilidade e uma precisão mais rápida. As mudanças foram vistas com o passar do tempo na vida de Welber, que mudou radicalmente o jeito estressado de ser.

"Com o esporte emagrecemos, ficamos mais bonitos e alegres. É muito bom, fico muito feliz por ter acontecido isso na minha vida. Deus colocou no meu caminho!", diz ele sobre os muitos benefícios do SUP. Para os iniciantes, ele dá o recado: "Quem vai começar primeiro deve saber a nadar. Se não souber, usa o colete. Saio com o aluno sentado na prancha, pego na mão da pessoa, o coloco dentro d’água e vou conversando, até que o aluno pegue confiança. Quando saem da água, alguns ainda vão me abraçar e agradecer. E os iniciantes devem ter muita vontade. É um esporte maravilhoso, quem sobe na prancha adora. Não tem quem não goste. Estar em cima da prancha da uma sensação de liberdade. Brinco que Jesus Cristo andou sobe as águas e também temos a capacidade, com o auxilio da prancha", completa.
Para finalizar, ele diz para aqueles que pretendem praticar o esporte para não terem dúvidas. “Além de prazeroso, o esporte oferece muitos benefícios mentais e corporais", finaliza.
Mais informações no site: http://carpediemitupararanga.com.br/.
Onde praticar na região
Na represa de Itupararanga existem três locais próprios para a pratica de SUP. O Carpe Diem, conta com restaurante, vestuário com chuveiro quente, chalés e é acessível ao público. A entrada custa R$ 30, sendo R$ 20 de consumação no restaurante. Meia hora de stand up paddle custa R$ 30 e uma hora, R$ 50. O espaço fica ao lado da Marina Belas Artes, na Estrada Municipal Votorantim-Ibiúna.


O SFSC fica na estrada municipal Carolina Paes Granjeiro. De carro, siga por mais 9km após a barragem da represa de Itupararanga, sentido Piedade. O instrutor do local, Paulo Adriano Marchetti, conta que o esporte surgiu em sua vida em 2013, quando o clube inaugurava. Lá no SFSC, uma hora de prática do esporte custa R$ 40 e inclui colete salva-vidas e acompanhamento do instrutor. O local funciona de quarta à sexta-feira, das 13h30 às 19h30 e sábado, domingo e feriado, das 9h30 às 19h. Mais informações pelo telefone (15) 99747-1379 ou pelo e-mail contato@sfsc.com.br.
Já o Clube do Remo fica na estrada Votorantim-Ibiúna, Rod. Raimundo Antunes Soares. O local funciona às segundas-feiras, das 9h às 12h; terças a quintas-feiras, das 14h30 às 18h; sextas-feiras, das 15h às 19h e sábados e domingos das 9h às 19h. Mais informações pelo telefone (15) 99601-0095.
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